quarta-feira, 29 de outubro de 2008

o endereço da nossa revista mudou para:

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Síntese de seus principais contos

A Sereníssima República (conto do livro Papéis Avulsos)

O conto se passa em um cenário acadêmico, no qual um cônego realiza uma conferência – como sugere o subtítulo da obra – reunindo no mesmo salão cavalheiros distintos em prol da curiosidade científica que lhes é comum. O cônego Vargas, que discursa perante o auditório, introduz ao público que sua teoria não é recente, mas que ainda não se sentia confiante para anunciá-la, uma vez que julga estar incompleta. Decidiu, pois, antecipar a divulgação devido a um cientista inglês que, aparentemente, realizava progressos na mesma área. Conhecendo-se a mídia científica, o crédito recairia todo sobre as costas do estrangeiro caso não se apressasse o cônego do Brasil ao demonstrar a superioridade de suas descobertas.

Teoria do Medalhão (conto do livro Papéis Avulsos)

Às onze horas da noite, findado o jantar que comemorava os vinte e um anos do jovem Janjão, este senta-se com seu pretensioso pai para conversarem um pouco. A figura do pai é caracterizada pelo intenso desejo de realizar-se em seu filho, a quem trata com respeito e, sobretudo, com orgulho. Após demonstrar a Janjão as incontáveis possibilidades profissionais das quais este pode se servir em razão de sua juventude, o pai revela-lhe que caminho a ser percorrido doravante é longo e de muitos desgostos. Desse modo, convém reservar um “ofício” de estabilidade superior ante qualquer outro: o de “medalhão”. A figura do medalhão é empregada analogamente, ou seja, assim como o medalhão trata-se distintivo – aquilo que se mostra para ser distinguido – a pessoa que assume essa posição se comporta de tal modo que é diferenciada das demais. O pai conta que alcançar o sucesso como um medalhão sempre foi o sonho de sua vida que não pôde ser realizado e que para tanto é exigido bastante tempo.

A Cartomante (conto do livro Várias Histórias)

A cartomante é a história de Vilela, Camilo e Rita envolvidos em um triângulo amoroso mais a cartomante que pode ser considerada outra personagem devido a sua grande influência no conto. A historia começa numa sexta-feira de novembro de 1869 com um dialogo entre Camilo e Rita. Camilo nega-se veementemente a acreditar na cartomante e sempre desaconselha Rita de maneira jocosa. A cartomante está caracterizada neste conto como uma charlatã, destas que falam tudo o que serve para todo mundo. É um personagem sinistro, que apesar não ter nem o seu nome revelado (característica machadiana), destaca-se como um personagem que ludibria os personagens principais. Rita crê que a cartomante pode resolver todos os seus problemas e angústias. Camilo já no fim do conto, quando está prestes a ter desmascarado seu caso com Rita, no ápice de seu desespero, recorre a esta mesma cartomante, que por sua vez o ilude da mesma forma como ilude todos os seus clientes, inclusive Rita. A mulher usa de frases de efeito e metáforas a fim de parecer sábia e dona do destino de Camilo, este que sai de lá confiante em suas palavras e ao chegar no apartamento de Vilela encontra Rita morta e é morto a queima roupa pelo amigo de infância, que já está sabendo da traição da esposa e o esperava de arma em punho.

Missa do Galo (conto do livro Páginas Recolhidas)

O conto Missa do Galo, conta a história de Nogueira, um rapaz de dezessete anos que veio ao Rio de Janeiro para estudar. Hospeda-se na casa do escrivão Menezes, viúvo de uma prima sua, que agora, é casado com Conceição. Menezes mantém um relacionamento extraconjugal, e, uma vez por semana, sob o pretexto de ir ao teatro, vai se encontrar com sua amante. Conceição tem conhecimento deste relacionamento e mostra-se submissa. O conto se desenvolve na véspera do Natal, numa dessas noite em que o escrivão sai de casa e Nogueira fica na sala de estar a guardando seus colegas para irem à Missa do galo. Enquanto espera, Conceição vai ao seu encontro na sala da casa, onde conversam assuntos variados e não vêem o tempo passar. Até que um de seus colegas bate à porta chamando-o para a Missa do galo. No dia seguinte, Conceição age como se nada tivesse acontecido, sem que sequer lembrasse na conversa que teve com Nogueira na noite anterior. No ano novo, Nogueira volta à sua cidade e nunca mais encontra Conceição. Quando volta ao Rio de Janeiro, Nogueira descobre que Menezes faleceu e fica sabendo que conceição se casou com o jumentado do marido.

Almas Agradecidas

No conto Almas agradecidas, Machado de Assis conta uma história de dois amigos que se conheceram no colégio. Certo dia encontram-se novamente, depois de adultos, no ginásio (uma espécie de teatro amador). Um denominado Oliveira e o outro Magalhães. Magalhães perde seu emprego e Oliveira insiste em ajudá-lo, coisa que Magalhães fez bem em aceitar, pois conseguiu um emprego melhor do que aquele que tivera antes.
A cada dia que passa, mais unidos ficam, se confidenciam... até que Oliveira conta-lhe sobre sua paixão: Cecília, filha do comendador Vasconcelos, seu amigo; contou-lhe tambem da sua timidez, então Magalhães oferece sua ajuda. Não tinha um dia em que Magalhães não visitasse Cecília, esta a certa altura apaixona-se por Magalhães, que insistia em falar bem de Oliveira, mas não adiantava.
Oliveira vai ao encontro de Magalhães, pois ao ler o final da carta teve a leve impressão de que seu amigo iria suicidar-se. Quando encontrou Magalhães, este disse-lhe que não contou toda a história: ele estava amando Cecília também, e por isso resolveu se afastar dela.
Magalhães casou-se com Cecília e continou amigo de Oliveira, contudo, o último nunca foi à casa de seu amigo.

Entrevista exclusiva com Machado de Assis

REVISTA TÔ POR DENTRO: Quem é a pessoa Joaquim Maria Machado de Assis?
MACHADO DE ASSIS: Um homem simples que desde pequeno gosta muito de ler, de escrever e de ir ao teatro, que sempre lutou muito pra conseguir o que queria na vida.
REVISTA TÔ POR DENTRO: E quem seria o Machado de Assis escritor?
MA: Ah, uma pessoa que escreve o que sente, nada de tudo muito elaborado, mas rico em detalhes, acho que o leitor se envolve mais! Além disso, pode-se dizer algumas das várias pessoas que admiro e muito me influencia na elaboração dos meus livros, contos e crônicas, como por exemplo William Shakespeare e o nosso José de Alencar, dentre outras celebres pessoas, não só escritores.
REVISTA TÔ POR DENTRO: Você ja elaborou muitos livros e contos. Você consegue viver de literatura ou é inevitável que a poesia nunca passe de hobby?
MA: Não, eu não vivo de literatura: vivo para a literatura! Isso é o que eu amo de verdade, tenho prazer em escrever, e fico feliz em saber que meu trabalho seja reconhecido por muitas pessoas.
REVISTA TÔ POR DENTRO: Qual obra você acha que mais gostou?
MA: Essa é uma pergunta muito difícil de ser respondida, mas vou arriscar no Esaú e Jacó.
REVISTA TÔ POR DENTRO: Algum motivo em especial?
MA: Acho que nesse livro eu me aproximei ao máximo da vida real, possui muita melancolia e lirismo. Abordei nesse livro assuntos do cotidiano, como a abolição da escravatura e, principalmente, a proclamação da república, a qual fiz críticas.
REVISTA TÔ POR DENTRO: E quer dizer que além de ótimo escritor também é um ótimo jogador de xadrez?
MA: (Risos) Ah, isso sim é um hobby, jogo só por diversão. Mas participei do primeiro campeonato de xadrez realizado aqui no Brasil, fiquei em terceiro lugar, não esperava me dar tão bem assim!
REVISTA TÔ POR DENTRO: E pra finalizar, conte-nos um pouco sobre a sua relação com a Academia Brasileira de Letras.
MA: Este é um assunto que me deixa muito feliz! Tenho orgulho de ter aberto a sessão com um discurso e de ser o presidente da academia. Acho que a criação dessa academia foi um avanço e tanto para o Brasil e fundamental para a nossa literatura, que é tão rica. Ela foi fundada nos moldes da Academia Francesa, que sobrevive aos acontecimentos de toda a casta, às escolas literárias e às transformações civis. No meu descurso passei muita confiança para todos para que a academia perdure, pois é algo que quero ver por muito tempo! Muito obrigado pelo espaço concedido pela REVISTA TÔ POR DENTRO e parabéns a vocês pelo belo trabalho que tem realizado.